A Insônia é uma doença definida pela dificuldade para dormir, para continuar dormindo ou acordar mais cedo do que o usual e não conseguir voltar a dormir. Apesar de ser relacionada somente com a primeira definição, a insônia pode se manifestar de diferentes formas em cada pessoa.
É importante desvincular o imaginário popular de que a insônia é apenas não conseguir dormir o suficiente. Essa síndrome está mais relacionada com a qualidade do sono do que com a quantidade – uma vez que cada organismo necessita de um número diferente de horas para se recuperar completamente.
Existem dois tipos de insônia. A insônia curta é conhecida por se manifestar por um curto período de tempo, geralmente relacionada à situações pontuais de estresse e mudanças na rotina. Seus sintomas costumam durar por três meses ou menos. A insônia crônica, por outro lado, dura por mais de três meses, e ocorre por, pelo menos, três noites por semana.
Vale ressaltar que a insônia é diferente de curtos períodos de tempo. Existem pessoas que se privam do sono por determinadas razões, ou apenas necessitam de pouco sono para se sentirem descansadas. Se elas dormem pouco, mas não apresentam os sintomas posteriores, então não são consideradas portadoras de insônia.
Tudo o que você precisa saber sobre insônia
1 – Causas
As causas da insônia são variadas. Usualmente, elas são relacionadas à situações constantes de estresse, que disponham o corpo física e mentalmente a momentos de pressão e exaustão, dificultando o sono ou a capacidade de permanecer dormindo por um período adequado de tempo.
É comum que as pessoas associem as causas apenas da insônia curta, que se manifesta momentaneamente. Geralmente, essa insônia surge a partir de problemas que causem incômodos ao indivíduo, além do fator estresse.
Mudanças no ambiente em que se está acostumado a dormir pode causar a insônia, por exemplo, a claridade, a temperatura ou barulhos em geral. Problemas ocasionais também podem contribuir para essa doença – como um trabalho estressante ou cansativo, discussões, adversidades no casamento, contratempos financeiros. Ou até mesmo doenças temporárias – gripes, resfriados – e o uso de remédios que apresentem a insônia como possível efeito colateral.
No caso da insônia crônica, as causas são relacionadas a distúrbios mais profundos e complexos. Transtornos mentais ou psicológicos, como depressão e ansiedade, são causas bastante relacionadas à insônia. Doenças graves que causem dor ou dificuldade para respirar também podem ocasionar a insônia, além da ingestão de remédios controlados, álcool ou drogas ilícitas.
Maus hábitos de sono a longo prazo também pode acarretar na insônia crônica.
2 – Fatores de risco
Muitas pessoas estão sujeitas a apresentar um quadro de insônia, mas alguns grupos compõem os fatores de risco desse distúrbio.
Adultos costumam apresentar mais insônia, principalmente do sexo feminino. Mulheres têm maior propensão de manifestar os sintomas, que são potencializados pelas mudanças de hormônios. Isso se aplica, também, à mulheres grávidas, pelos mesmos motivos, especialmente nas últimas semanas de gestação.
Idosos também estão dentro dos fatores de risco, sobretudo após os 60 anos. A idade avançada pode dificultar o sono, por conta das mudanças corporais que apresentam ou o uso de determinados medicamentos relacionados à idade.
Pessoas que trabalham em turnos noturno estão propensas a ter insônia, principalmente porque uma das causas desse distúrbio pode ser o estresse ocasionado pelo trabalho. Funcionários que cumprem o turno no período da noite podem sentir dificuldade de adaptar seu horário de sono.
Doenças crônicas, como Parkinson ou Alzheimer, transtornos psicológicos e o uso de medicamentos controlados como descongestionantes, esteroides e pílulas para dieta também podem levar a um quadro de insônia.
É importante lembrar que pessoas fora dos grupos com fatores de risco também podem apresentar insônia, independente de se encaixarem nessas características ou não.
3 – Sintomas
O principal sintoma que identifica a insônia é a dificuldade para dormir ou para continuar dormindo sem interrupções durante a noite. Há, ainda, a dificuldade para voltar a dormir depois de acordar mais cedo do que o habitual. Pessoas com insônia também pode apresentar sono variável, tendo uma noite ruim de sono um dia, e dormindo bem no dia seguinte, sem seguir um padrão.
Além dos sintomas relacionados diretamente ao sono, existem os sintomas posteriores, que ajudam no diagnóstico correto da insônia.
Fadiga ou sonolência durante o dia, concentração falha, irritabilidade, ansiedade, quadros de depressão ou desânimo intenso, energia reduzida e preocupação constante com o sono são alguns dos sintomas que identificam a presença do distúrbio.
Não somente afetando a pessoa individualmente, a insônia também interfere nas relações pessoas e profissionais. Pessoas com insônia podem apresentar dificuldade para conversar e formular ideias, diminuição das habilidades de percepção, atenção, rendimento e falta de memória.
A longo prazo, um episódio de insônia curta pode prolongar os efeitos e se tornar uma insônia crônica, causando mais complicações e estresse, dando início a um ciclo prejudicial que dificilmente desaparecerá sem os devidos tratamentos.
4 – Tratamento
A abordagem mais recomendada costuma ser o tratamento comportamental. Ele pode ser ministrado individualmente ou com o acompanhamento de medicamentos apropriados para a insônia, variando de médico para médico.
O tratamento comportamental age em diferentes domínios do corpo e da mente do paciente. Existem algumas técnicas mais comuns, como:
Reeducação de saúde: a reeducação de saúde pode incluir novos hábitos de sono, como dormir mais cedo e permanecer na cama até se sentir inteiramente descansado; não forçar o sono; evitar beber café ou ingerir cafeína no período noturno; evitar ingerir bebidas alcoólicas e nicotina; começar uma nova rotina de exercícios e mudar o ambiente em que se dorme.
Terapia de relaxamento: que pode envolver meditação, fisioterapia, alongamento e outros métodos de relaxamento corporal, muscular e emocional.
Controle de estímulos: que consiste no monitoramento dos sinais vitais e aplicar pequenas simulações com o intuito de ajudar no sono, como tentar dormir por 20 minutos, e, caso não consiga, mudar de ambiente, assistir televisão e tentar novamente;
Além dessas técnicas relacionadas ao tratamento comportamental, alguns médicos também recomendar a terapia cognitiva, que envolve um psicológico, a fim de tratar as causas mentais que levam à insônia. Geralmente essa abordagem é eficiente para a insônia curta.
No caso da insônia crônica, o uso de medicamentos costuma ser um dos caminhos mais buscados. Os remédios para insônia são, comumente, sedativos hipnóticos, ou fórmulas mais leves, como calmantes.
Tratamentos alternativos, como ioga e tai chi, também estão ganhando visibilidade, e podem ser indicados por profissionais como hábitos a longo prazo.
5 – Diagnóstico e exames
Se você suspeita que está sofrendo de insônia, então deve procurar um médico especialista e expressar suas dúvidas. Ele irá fazer perguntas sobre sua rotina de sono, como, por exemplo, quantas horas você costuma dormir normalmente, se sente dificuldades para pegar no sono e se acorda durante a madrugada.
Em seguida, ele irá fazer um parâmetro sobre as possíveis causas as quais você está exposto, como o trabalho, situações recentes de estresse, transtornos psicológicos e doenças. Seu parceiro ou parceira pode ajudar durante a consulta.
Exames físicos podem ser feitos para determinar se há condições neurológicas ou médicas que contribuam para o quadro de insônia. Há dois exames laboratoriais mais comuns para diagnosticar a insônia: a polissonografia e actigrafia.
A polissonografia é um estudo formal do sono, com monitores conectados ao corpo que detectam os movimentos corporais, atividades cerebrais, respiração e outras funções. Esse exame também é utilizado depois do diagnóstico, para verificar se o tratamento está surtindo efeito ou não.
A actigrafia, por outro lado, é realizada a longo prazo, com monitores conectados ao indivíduo dia e noite, por algum período de tempo, a fim de verificar a rotina de sono e posteriores alterações neurológicas, físicas e emocionais que se relacionam ao quadro de insônia.
6 – Prognóstico
Após optar por um ou mais tratamentos para o quadro de insônia, o paciente deverá ter acompanhamento profissional até que apresente melhora significativa ou cura completa.
Usualmente, as pessoas buscam tratamento para a insônia curta, no seu estágio inicial, e, em um primeiro momento, as abordagens adotadas visam diminuir o impacto do distúrbio e evitar que se desenvolva para uma insônia crônica.
Depois de verificar se há causas médicas ou neurológicas que estejam contribuindo para a insônia, o tratamento irá melhorar a qualidade do sono do indivíduo, enquanto trabalha para diminuir os sintomas e as causas.
Procura-se aplacar os índices de estresse e tratar os problemas que estão levando a insônia. Depois de cuidar de todos os contratempos e aplicar corretamente os tratamentos, espera-se observar a melhora gradual, e, eventualmente, definitiva do paciente.
Se o caso for de insônia crônica, então serão ministrados medicamentos que buscarão ajudar de imediato nos sintomas, proporcionando um sono mais estável. Enquanto isso, é necessário tratar os transtornos psicológicos causadores da insônia, e procurar alternativas para o caso de doenças crônicas, por exemplo, que não possuem cura, mas podem ter seus sintomas diminuídos, proporcionando maior qualidade de vida para o portador.
7 – Prevenção
A insônia é um distúrbio que afeta uma grande parcela da população, apresentando diferentes causas e sintomas para cada organismo. No entanto, existem algumas sugestões que podem ajudar a diminuir os riscos de desenvolver essa doença, e também aumentar a qualidade da sua rotina de sono.
É importante adotar horários regulares para dormir, para que seu corpo acostume e crie o hábito de descansar e relaxar durante aquele período. Evitar tirar cochilos prolongados durante o dia também ajuda, pois eles tendem a prejudicar o sono durante a noite.
Fazer exercícios físicos é um bom hábito, que ajuda não somente no sono, mas também na saúde. Praticar exercícios durante a manhã ou à tarde ajuda o corpo a gastar energia de maneira saudável, mas é importante praticar até seis horas antes de dormir, para não se tornar um prejuízo.
Evite consumir bebidas alcoólicas, nicotina e remédios sem prescrição médica, que podem acarretar em efeitos colaterais como a insônia. Opte por alimentos leves no jantar e logo antes de dormir, e esquive-se de café e cafeína no período noturno.
Tenha um ambiente confortável e aconchegante para descansar. Desvincule seu quarto de outras atividades que não sejam para dormir. Adapte para suas necessidades e preferências de claridade e temperatura, e procure deixá-lo o mais silencioso possível durante o sono.
Outras alternativas para a prevenção contra a insônia são atividades relaxantes, como ioga, meditação e exercícios como pilates. Essas práticas ajudam a relaxar o corpo e a mente, evitando a exaustão psicológica que prejudica o sono.
Durante o dia a dia, evite o máximo possível situações de estresse, e, caso haja problemas ou adversidades, procure não levá-los para a cama na hora de dormir. Esvaziar a mente é uma dos movimentos que aumentam a qualidade do sono e, consequentemente, diminuindo as chances de desenvolver insônia.
Conclusão
A insônia é um distúrbio que surge, principalmente, do estresse, mas também pode ser causado por transtornos psicológicos e outras doenças crônicas que interfiram na qualidade do sono. Esse quadro pode ser identificado a partir da dificuldade para dormir ou de continuar dormindo, mas seus sintomas também podem ser identificados a partir de reações nos dias posteriores.
Essa doença afeta não somente o indivíduo, mas também suas relações interpessoais e profissionais, prejudicando suas aptidões e competências. De um quadro curto de insônia, se não tratado adequadamente, pode evoluir para uma insônia crônica.
Os tratamentos devem ser ministrados por profissionais competentes, assim como a realização do diagnóstico correto. O autodiagnóstico e automedicação podem causar malefícios e aumentar as complicações da insônia. Abordagens terapêuticas são alternativas comumente escolhidas, mas também são administradas com intervenções farmacêutica..
Apesar de afetar um grande número de pessoas, a insônia tem cura, tanto para a insônia curta quanto a insônia crônica. E também existem maneiras de se prevenir contra esse distúrbio, criando hábitos e rotinas saudáveis, se atentando ao local de descanso e aos fatores externos que possam prejudicar o sono.
Além das horas dormidas, necessárias para que o corpo descanse o suficiente, também é importante se atentar a condição do sono, e garantir que todos os fatores colaborem para uma noite física e mentalmente tranquila, diminuindo os riscos de desenvolver problemas para dormir e, eventualmente, eliminando-os completamente.